O tempo não está lá atrás ou lá fora. Ele vive aqui dentro e ocupa os cantinhos do presente ou fica na nossa imensidão de futuro. O tempo é presente ou futuro e não há como “ter” um tempo passado, o tempo é ou será. O passado não deve viver... senão nos relatos de nossas histórias. Por falar em história, conta-se que certa vez perguntaram ao astrônomo italiano Galileu Galilei a idade dele. Ele dissera, na ocasião, que tinha oito ou dez anos e que na verdade ele só tinha os anos que lhe restavam de vida, porque os vividos ele não os tinha mais. E para ele anos passados eram como moedas gastas: não eram mais dele.
Em nossa cultura contamos os anos passados de nossas vidas. Por certo, isso nos prende ao passado. Assim, nos relacionamos com o passado como se estivéssemos soltando pipa: prendendo-o numa ponta e cuidando para segura-lo por uma linha. Talvez romper com essa amarrazinha nos permita flutuar em paz no presente e rumar ao futuro. O ideal é que tenhamos “el tiempo entre las manos”, controlando-o no presente e ‘futurando-o’.