quarta-feira, 11 de junho de 2014

Inquirida

Ilust. Denis Zilber


Quem vem
me ver?
Que verve
em mim vê?
Que verme
me vem?
Quem vai
viver-me?









segunda-feira, 9 de junho de 2014

A carta: "Os enamorados"



Chega no baralho aberto
de empilhada escuridão
Revela incerto universo
Uma visita Eros a Psiquê?
Um "habitué" do meu corpo
Eros amava e se encobria
Psiquê a tudo clareava
Exponho-te em meu jogo
Fantasma fantasia
visão 'fantus', tarot
Gula pantagruélica
de sonhos não santos
Quem a mim negra,
me assume claro encanto?
Não tem eira nem beira
Vem pelo faro
Vem pelo ralo
Me povoa e me rende
Enreda-me como polvo
Divina íris verde escura:
caco de vidro lancinante
Complexo adulto frágil
Ágil sábio no meu corpo
sacro, magro, assimétrico 
Granada, água- marinha,
opala, esmeralda, ágata,
brilhante, pedras semi 
e preciosas.
E numa fantasia galante 
quem pedra me espera?









quinta-feira, 5 de junho de 2014

O sonho de uma presença


                       

         O tempo não está lá atrás ou lá fora. Ele vive aqui dentro e ocupa os cantinhos do presente ou fica na nossa imensidão de futuro. O tempo é presente ou futuro e não há como “ter” um tempo passado, o tempo é ou será. O passado não deve viver... senão nos relatos de nossas histórias. Por falar em história, conta-se que certa vez perguntaram ao astrônomo italiano Galileu Galilei a idade dele. Ele dissera, na ocasião, que tinha oito ou dez anos e que na verdade ele só tinha os anos que lhe restavam de vida, porque os vividos ele não os tinha mais. E para ele anos passados eram como moedas gastas: não eram mais dele.
       Em nossa cultura contamos os anos passados de nossas vidas. Por certo, isso nos prende ao passado. Assim, nos relacionamos com o passado como se estivéssemos soltando pipa: prendendo-o numa ponta e cuidando para segura-lo por uma linha. Talvez romper com essa amarrazinha nos permita flutuar em paz no presente e rumar ao futuro. O ideal é que tenhamos “el tiempo entre las manos”, controlando-o no presente e ‘futurando-o’.
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Não pise na flor

    

Te, ti, teu, tua,
nada é meu
ou para mim
nesta rua
Se, si, seu, sua
nada de nós
nessa lua
Atéia, à toa
louca, crua
nunca fui pouca.
Um pronome?
_Eu.
Minha língua
gélida e dura
Nunca contígua
_Solta.
Um possessivo?
Minha. Só minha.
Nesta vida
vim sozinha.