sexta-feira, 29 de junho de 2018

Olheiras: violetas insones

 

  Flores azuis
  no baixo
  dos olhos,
  noites claras
  bem pensadas
  de muito
  ou inconsequentes
  demais,
  sei lá eu.

  Sei que amo.

  'Dark circles
  under eyes',
  muitices
  que a noite faz.
  Amo esses
  exageros roxos
  enxotadores
  de pouquices.

 

 

quinta-feira, 28 de junho de 2018

De passagem



Ainda ontem
ouviu
os risinhos
de um amanhã
que fizeram juntos.
Mais uma vez
existiu em tudo,
no quente
da fogueira
que lhe incendiara
e no frio abissal
que ventara embora
os olhos dela.



domingo, 24 de junho de 2018

De cima do muro

 

Em altos e baixos
lá vai o muro.
Em cima, embaixo,
o gato imaturo.

E o telhado
é um chapéu
de papel
que a casa usa.

Mas tem o esteio.
"Stay here,
não me abandone",
me diz meu amor.

But is late,
and mature,
I'm still alone.

E amar?
Amar é linha que se dá,
é o céu no chão.




sábado, 23 de junho de 2018

Escravo de Jó


   Eu _  fuão _
   lacaio
   de um Deus
   que
   num aboio
   toca o mundo.
   Olho de soslaio,
   me alheio
   desse balaio
   e tritongulado
   nesse meio
   imundo:
   peleio, peleio, peleio.





sexta-feira, 8 de junho de 2018

Aval da natureza



   Que nada 
   afete 
   este meu pulsar.
   Nada afetará.
 
   E um xexéu
   imitador
   passa voando
   e me assobia:
 
   "nada afetará,
   nada afetará..." 





segunda-feira, 4 de junho de 2018

O vão da análise



        Malsofrida,
      a lagarta
      não quis o casulo.
      Roubou
      duas pétalas
      da minha
      poesia colorida
      e voou
      no amarelar do dia.
   



   

Da esquiva



     Se acaso for
     me acolher,
     me acolha
     devagarinho,
     sem mesmo
     que eu saiba;
 
     Sou flor
     que viveu
     nos abrolhos,
     flor de saraiva,
     não me amoldo
     fácil a um carinho.