sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Claro escuro




Morte, tu que és tão forte...
Quão firmada, és.

Pousa crédula na tua força,
a lâmina célere
invasora de sonhos dos 'eus',
Que rasga a pele dos sentidos
e pui a organza clara
da crença num Deus.

Morte, tu que és tão forte...
Absoluta.
A alma a qual queres,
a nenhuma perdoa.

Peço-te _ como se faz a um Deus _
Voa, aqui, pássaro sombreado,
irônico, travesso...
Versa de vez a tua malvadez.

Discrepo
da tua maleficência,
Da tua boa eficiência
de dar o amargo
'in dribs and drabs',

Do inferno impérvio
donde sai tua ira, não tardes,
Vem!
E liberta, e livra, e libera
quem no sal arde;
Não retalhes mais o espírito,
não flageles mais a carne;

Morte, tu que és tão forte...
Absoluta.
A alma a qual queres,
a nenhuma perdoa,

Morte, tu que és tão forte...
aferra os sofreres, limita:
prenda-os na vasta parede
que separa os dois mundos.





quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

"Imperdoável"



A dor dele brilhava
feito purpurina
em pó:
grudava nas pessoas;

A dor dela,
gás lacrimogênio
em quem a via
desmoronar;

A dor do menino
era acastelada,
dor guardada em pote.
Moraria n'alma, toda vida.