E se a vida for realmente esse labirinto fazendo de cada escolha um
caminho que não leve à saída, mas leve ao caminhar, apenas. Também pode a vida ser um labirinto em que o
mote é realmente, achar a porta de saída.
Há pessoas que deixam essa vida sem achar suas
saídas por optarem pelo “labirintear”, por que não? Ora arriscam um caminho só
para deixar o outro anterior, e acertam. Ora “riscam” um caminho que supõe ser
a saída e erram. Outros ainda, nem traçam caminhos, optam pelo primeiro e se veem
fora do labirinto. Há aqueles que
estudam estrategicamente o rumo, se norteam e saem. Outros calculam, tentam, se
enchem de esperanças e se perdem das saídas.
Pessoas
há; que vão por outros caminhos julgados inexistentes,
mas reais a elas. O caminho do imaginário, da fantasia, da alucinação e dos
delírios. Uma forma de não aceitação do caminhar real. Saem do labirinto pela
parte de cima, voam dele envoltos por um filó transparente, finíssimo, tão singular
e tão sensível... Usam do imaginário para contrapor às imposições recebidas e causadoras
de suas aflições. Desfilam seus sofrimentos por uma tangente desconhecida e
opaca para quem se vê do outro lado; até desinteressante para os que se veem no
caminhar ponderado. Essas pessoas andam desatentas, desenfreadas, descuidadas e
soltas, às vezes voam num “para sempre” e outras vezes ficam como presas
libertas. Do lado de fora, mas sobrevoando o labirinto todo tempo. São
importantes na composição do labirinto porque se expõem extremamente, são
hipérboles. Exemplificam outras formas. E aqui adéquo um neologismo: “sincerizam”
mais que as outras.
Todas são formas de viver, “labirintintivas”. Quem
sabe é feliz pelo despreendimento, quem se liberta do labirinto usando o
recurso do voar dele. Ou é feliz quem por coragem e ousadia, “labirinteia” a
vida toda, arriscando o labirintear. E o
quanto deve se encher de vaidade aquele que acerta o primeiro caminho; ou ainda
quem depois de inúmeras e sofridas tentativas consegue se livrar do labirinto.
Pode ainda se ver muito recompensado, quem meticulosamente e com toda demora
dos projetos, planejou sua saída e conseguiu na primeira tentativa. E quão
sortudo se vê aquele que nada fez, andou e encontrou por acaso, o lugar por
onde se sai. O labirinto como se vê; é o lugar do estar; da expectativa ou não,
da iniciativa ou não, do sofrer e do ser feliz, mais ainda: de se reconhecer
caminhante e de conhecer o caminhante que se é.
Daí a importância do que diz Carl Jung: “Qualquer
árvore que queira tocar os céus precisa ter raízes tão profundas a ponto de
tocar os infernos”.