sábado, 29 de dezembro de 2018
Olhinhos de canto
Eu sei o amor
que te causei.
Dance
os olhos
Não
endureça a face,
Faz olhos
de valsa
Uma vez mais,
Baile
os olhos
Mais,
mil vezes mais:
Dure seus olhos
moles em mim.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
Seres e não seres
Tem gente
de tudo quanto há jeito.
Gente de lua,
gente da terra,
Gente que é de fora,
gente que é da gente,
gente do mundo:
que não para de rodar,
Gente de açúcar
que nem pode sair na chuva,
Tem gente melosa,
de tão doce que é,
Gente de um lado e do outro,
tem gente do meio,
(parece santo)
Tem gente tipo banana:
gente de ouro,
gente de prata,
gente que não vale nada,
Tem gente de bronze
(morta em pé)
E tem gente de ferro:
que esfria e machuca gente.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
"Tristesse"
Pela tristeza
que se ofertavam,
era um
casal descrido.
Ele tinha
um sorriso morto
(morno ainda)
na boca fina.
Ela, desde menina,
enforca seus risos
nos laços
de golas 'puritanas'.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
Poema serviçal
Quando
palavreei
ao mundo
o que te sentia
tudo mudou,
Todo calo
gritado
que em mim
te repetia
calou sua dor.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
Negrumes
domingo, 9 de dezembro de 2018
Pelo caminho
Não existe atalho
para o coração do outro.
Incerto caminho,
estrada deserta.
Destarte,
e sem vizir,
temos que passar
pelos olhos,
pela cabeça
e pelos ouvidos
de quem onde
queremos ir.
sábado, 8 de dezembro de 2018
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
Cerca viva
Eram coloridas
as asas
dos teus cuidados,
encheram meu viveiro
de vaidade
Asa de emboscada,
teu desejo:
arranhou meus quereres
Toca de áspide,
tua conquista,
quase
minh'alma cordeira
corrompeu
Teu ciúme,
vala profunda,
menestrel,
e o anel que tu me tinhas
folgou-se, se perdeu.
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
Na vinha
De dentro da gavinha
de uma videira
eu te sonhava,
E espiralada
mudei-me
para o seu lado
Suei seu 'vinaigre',
agarrei suas ideias,
prendi seu tom suave
Ensaiei seu gestual,
encenei seus pesares:
eu te estive
Pela primeira vez,
vida, eu fui em ti.
sexta-feira, 23 de novembro de 2018
segunda-feira, 19 de novembro de 2018
"Dos vazios"
Chacoalha
a lata,
procura
o rosário,
a escola,
o trabalho;
Vira a lata,
procura
documento,
pai,
registro
ou um tiro
pela culatra;
Sua
no retângulo
de metal
o mundo
redondo.
Quão fundo
é o coração
do container.
Fareja
no Estado
um amor
que degradado,
um apego,
um ego.
O casto,
no imundo.
Procura
levezas:
carro, avião,
carona, vento
e o chão
de sua Bahia
no mapa,
sempre
à deriva.
Se ilha
na poesia
responsiva.
Revira
espaços
impostos,
se entala,
se fura,
posto em postas,
se desiguala.
Vasculha,
fuça,
inquire,
busca
o inseto
que espicaça,
a seringa
extratora,
um pico
que fure
o balão cheio
dos vazios
da procura.
domingo, 18 de novembro de 2018
Vivência de vocábulo
Também
a palavra se enche
de estar
uma coisa só
no mesmo
lugar de ser,
o tempo todo,
e exige da gente
que a levemos
para um passeio
na vida
de outra palavra,
vez em quando.
sábado, 17 de novembro de 2018
"A dança de cada um"
Uns dizem:
"vou na valsa."
Tudo bem,
eles podem.
Eu já
com o tempo
puído,
não me demoro:
voo na valsa.
sexta-feira, 16 de novembro de 2018
Nós dois
Eu rego
as maçãs
da nossa fruteira,
e de que vale?
Elas já foram
colhidas.
Eu guardo
roupas passadas,
amarrotadas
por dentro.
Fomos encolhidos.
Então ordeno
nossos livros
na estante:
mansos ateus.
Descrentes,
mas ali
juntinhos,
grudados,
penso que
falas de livros
se adoçam.
E faço isso
tão sem razão,
pois já estão lassas
nossas histórias.
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
domingo, 4 de novembro de 2018
"It´s not done yet"
Ontem,
meu coração
_ seda crua _
quase
me arrebenta
as costas.
Era um amor
bem passado
atrás de mim.
sábado, 3 de novembro de 2018
Lá vai ela
No cerrado
de frutinhas
sem graça,
a gabiroba esnoba
seu bom gosto
agoiabado róseo,
Cheira
a estilo frutado
como ninguém.
Um chapéu
de cinco pontas
e aquele
amareladinho viço
que só
a gente moça tem.
Gostosa,
irreverente
e afetada,
como a cato,
a gabiroba rouba
toda a 'outubridade'
do mato.
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
Fadigas narcísicas
Nem os narcisos
do vaso ao lado do espelho
nem nossa história,
dobrada com primor
sobre si mesma,
resistiram aos próprios
encantos tantos, meu bem.
Cansaram-se de suas graças.
Deitaram tontos
em suas belezas soporíferas;
se ensimesmaram.
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
The other
Não.
No so soul.
Not so sad.
Please, preto pretty,
if it depends on me,
jealous jamais gelam
seu coração.
quinta-feira, 18 de outubro de 2018
É tarde
carros
prédios
sinais de trânsito
lua crescente
furam
meu pensamento
aqui fora
árvores
asas
canteiros de petúnias
varam
meu caminho
sem seus espinhos
aqui dentro
terça-feira, 16 de outubro de 2018
Pé de meia mulher
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
Mudança de estação
Do inverno que passou
o quê de amores tu viste,
o quê de amores vieram?
Foi vento frio
de onde se espera?
ou foi bom porvir que não veio?
Se o inverno foi aspereza tanta,
passou a época de nésperas,
do verde travor na garganta.
Em tempo: é primavera.
Foi-se a época de imatura espera,
Que da gente, só aldrava o coração.
É pois, a abertura das flores,
Tempo de flora dos curadores
E mil beija-dores virão!
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
Insetices da cigarra
Vida bizarra
da ci-cigarra,
passssa a vida
num buraco de chão,
sai, e a um tronco se agarra.
Daí, noite e dia,
chia, chia,
ninguém liga.
E a vida cegarrega
segue à risca,
segue a regra,
ela morre e volta
pra debaixxxo da terra.
Que sina
da ci-cigarra:
passa vida e morte enterrada.
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
terça-feira, 9 de outubro de 2018
Condoimento
Tenho pena
de quem clama
por quem clama,
de quem chora
por quem chora,
de quem rima
por quem rima.
Se clama,
se chora,
se rima,
não conta
com quem estima.
sábado, 29 de setembro de 2018
Naturalezas
o barco segue
rio afora
e na água
ele se vê
um navio,
o rio segue
fora do barco
e se quer
apenas rio.
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
Silêncios de vida e morte
Vivia Inês
às voltas
com o ninho,
sempre
de asas
arqueadas,
tinha a vida
esfarelada,
uma Inês
entre quirelas.
Inês, ainda.
Ovalmente, ela.
qu'eu viva
mil anos
ou mais,
jamais verei
uma vida
tão inês
quanto aquela.
terça-feira, 18 de setembro de 2018
sábado, 15 de setembro de 2018
"À luz de uns olhos fechados"
Feche os olhos
e finja-me
Feche os olhos,
ande-me
Feche os olhos,
ande-me
Feche os olhos
e seja-me
Feche os olhos,
englobe-me
Feche os olhos
e tão somente olhe.
Feche seus olhos para si.
Feche os olhos
e tão somente olhe.
Feche seus olhos para si.
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
domingo, 2 de setembro de 2018
A prática indizível do amor
Se te faço confundir,
nem me perdoa.
Mas toda beleza
do fardo de um fogo
só se totaliza na leveza do apagar.
Leve: fogueira nenhuma
acende afirmativas do eterno.
Nem perdoa, meu amor,
se te acinzento tanto,
quando teu enfim, nalgum
presente pintalgado nos futura.
Por teus beijos
crédulos,
por meus beijos
desprevenidos,
por meu amor
acrômico...
Tampouco me desculpe,
viu, seu moço,
pelo desfuturo
que te anoiteço ano a ano;
é que o sem-fim
que eu conheço,
não vive aqui fora,
mora no intáctil humano.
sábado, 1 de setembro de 2018
"Expertise"
Não entendo
muito
de tanta coisa,
mas sei
de amores.
Poucamente
fui aprendendo.
muito
de tanta coisa,
mas sei
de amores.
Poucamente
fui aprendendo.
E, meu bem,
nisso de amar
aletrei tanto.
Conjugo o verbo
em toda pessoa,
número, modo
e em qualquer tempo.
nisso de amar
aletrei tanto.
Conjugo o verbo
em toda pessoa,
número, modo
e em qualquer tempo.
domingo, 19 de agosto de 2018
Dia santo (de guarda)
Um dia,
pôs-se
diante
do espelho,
fincou
seus olhos
pontiagudos
no próprio peito
e apunhalou
seu orgulho.
Foi
a primeira vez
que se bordou.
E foi tanto
desamparo
contido
e liquefeito
a escorrer
daquele peito,
que lavou
toda a casa.
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
terça-feira, 14 de agosto de 2018
The time of time
Na saída do consultório, ainda meio zonza, olho meu carro à frente. Por um triz, volto meus olhos para o passado, aí sinto meu pulso. No relógio: 12:34. O relógio diz que é tempo de sequência. É hora de seguir em frente.
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
Fiações internas
E tu,
Leôncio?
Conte-me
o que tece
o teu ciúme
com os fios
do teu
silêncio?
Um cardigã
novo
para teus
velhos invernos
ou com o fio
brilhante
do teu orgulho
tu teces
pontos eternos?
domingo, 12 de agosto de 2018
Das esperas
A má
espera
é olhar
a estrada
e não
estar nela.
A boa
espera
é andar
pela
nua estrada,
vestida
de quem
quer nada,
despida
do que já era.
sexta-feira, 10 de agosto de 2018
"Geometric days"
Há dias quadrados que chateiam, dias obtusos que desanimam. Dias retos, compridos, medidinhos, que de tão regulares, entediam. Há dias triangulares e pontiagudos que nos ferem. Mas há aqueles dias que parecem feitos com o compasso: perfeitamente redondos, corados, rechonchudinhos. São dias que rolam por cima dos outros, feito um brigadeiro gigante, que é pra mostrar quem é que manda.
São aqueles dias de amar amorficamente ou amar de todas as formas...
quinta-feira, 2 de agosto de 2018
Coautoria racional
Uma armadura
cintilava
naquele peito,
refletia
na minha poesia,
desalinhava
meu ritmo.
Um céu
estrelado
dançava
nosso olhar.
Gladiadores,
aqueles olhos,
lutaram
comigo
e resistiram
até a mais
perfeita morte
do que sentíamos.
quarta-feira, 1 de agosto de 2018
Na estiva
Ele viajou
o universo
nos dois mundos.
Depois,
passou
o resto da vida
na estiva.
Descarregava
nos divãs,
navios
abarrotados
de seus ciúmes
que nunca
paravam de chegar.
sábado, 28 de julho de 2018
Desmembramentos
Três da tarde.
Doeu
uma soltura,
um rasgo,
um desprendido,
um deixado.
Alguma coisa
rompida,
doloriu cá dentro.
Um vaso sanguíneo,
um atado,
um cordão umbrático,
não sei.
Foi dor de 'indo embora'.
Um vaticínio.
Aturdida,
penso agora.
Pode ser a jura
de um dos meus amores,
tido como imorredoiro,
que se quebrou lá fora.
.
sexta-feira, 27 de julho de 2018
Como vejo os pássaros que vejo
No bem-te-vi, um advérbio, um pronome e um verbo que mentem juntos o tempo todo.
O jõao-de-barro, um copiador. Um sujeito composto pela eterna indecisão humana: casa e asa.
A rolinha, descrente, o fogo apagou.
As jandaias verdes são árvores gritadas.
No quero-quero a repetição e a insistência compulsiva, patológica. Há ali, o completo domínio do inconsciente.
Os pombos, anacrônicos, vivem a monogamia inadequada ao pós-modernismo. Esse tempo de rir de tudo, de efemeridades, de ausência de valores e de sentido para a vida.
quinta-feira, 26 de julho de 2018
A seiva
Caminheiro,
eu não tenho
mais teu tempo
fruta verde,
amarelei o meu.
E se a felicidade
onde me espalho
não é mais
que saber o vivido
e dele conter
o divino da história,
me aquieto
cerne no carvalho.
Há um vento
em minhas folhas viças,
ele assopra
em meu mundo interno.
Deixo cair
a sequidão das cascas,
dos galhos
e as podridões
dos meus 'enfins'.
A calma vida grande
cá dentro
de quem virou
o mundo de possibilidades
infinda aqui.
Eu estou almada.
Siga, caminheiro,
se limite aí fora,
a ti consola a sorte.
Siga até que um dia,
quem sabe,
se atenha, destarte,
à imensidão dos dentros...
sexta-feira, 20 de julho de 2018
Meus segredos na mão da noite
Flores
não giram
ao sol,
se mentes.
Barulho
de peixes
n'água clara.
Piscas.
Teu anzol.
Noite alta,
um breu.
Riscos.
Tudo calado
e eu
me espalho
em ramas
para o teu lado.
Voações
Um passarinho
entrou
na escola,
queria
voar poeta.
Um poeta
entrou
num ninho,
quis
aquietar-se
passarinho.
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