Na saída do consultório, ainda meio zonza, olho meu carro à frente. Por um triz, volto meus olhos para o passado, aí sinto meu pulso. No relógio: 12:34. O relógio diz que é tempo de sequência. É hora de seguir em frente.
E tu, Leôncio? Conte-me o que tece o teu ciúme com os fios do teu silêncio? Um cardigã novo para teus velhos invernos ou com o fio brilhante do teu orgulho tu teces pontos eternos?
Há dias quadrados que chateiam, dias obtusos que desanimam. Dias retos, compridos, medidinhos, que de tão regulares, entediam. Há dias triangulares e pontiagudos que nos ferem. Mas há aqueles dias que parecem feitos com o compasso: perfeitamente redondos, corados, rechonchudinhos. São dias que rolam por cima dos outros, feito um brigadeiro gigante, que é pra mostrar quem é que manda.
São aqueles dias de amar amorficamente ou amar de todas as formas...
Ele viajou o universo nos dois mundos. Depois, passou o resto da vida na estiva. Descarregava nos divãs, navios abarrotados de seus ciúmes que nunca paravam de chegar.