sábado, 27 de abril de 2019
O mundo 'dele'
Queria o mundo,
teve mundo e mais.
Viveu ali,
quase fora do desejo.
Entre amores
negociáveis e diversos,
Entre preços
e sem versos.
Viveu ali,
num tom acima,
numa vida
sem métrica nem rima.
E livre, coitado,
livre dos sonhos
que só a poesia dá.
sexta-feira, 26 de abril de 2019
"Self-love"
Seja dito
de passagem:
ninguém "é".
A valer,
amo quem "estou".
É o caso de dizer,
talvez,
que eu me amo
por nós três...!
"Tua luz"
Nebulosas
planetárias,
halos solares,
aurora borealis;
Beleza alguma
se iguala
à chuva de estrelas
da tua presença.
quinta-feira, 25 de abril de 2019
segunda-feira, 22 de abril de 2019
sábado, 20 de abril de 2019
Canção de alento
Anime-se,
meu bem,
deixe esse sono;
Lá no fim da rua,
em nosso pé de lua
é outono.
As folhas
enquanto caem,
pisam as gentes;
Mas mesmo
que nos diminua,
que nos mingue, não ligue.
Sigamos tontos,
juntos, como os frutos
caminham pelos troncos.
Venha ver
outras sementes
já bipartidas,
Os brotos,
feito mãozinhas
postas em prece,
rezam nós dois,
sonham nós dois,
enquanto dormem vida.
Nós de outra cor
Tem uns olhos
de quem perdeu
parte na história
(olhos de índio)
Encara:
pinta o cara
para a guerra
(cara de índio)
Pulsa no peito
dos rios, das matas,
dos animais
(coração de índio)
Divide.
Dá do de fora,
Dá do que sente;
Tem natureza índia:
é brasileiro.
segunda-feira, 15 de abril de 2019
"Dos perigos do fim de tudo"
Bocas bebem
um mar de sal
de uns olhos madeirados
e doutros, azuis arenosos.
A força do grito
violenta
o cristalino da garganta,
violenta
o cristão dos corpos,
violenta
o cristal dos copos
e dos cacos
que arranham,
que tilintam,
que derramam.
Navios singram,
Nativos sangram.
Em nós: nódoas.
sábado, 13 de abril de 2019
"Se vou"
"Carrega bagagem em excesso",
_ Alguém me diz, em reprimenda;
Riposto que são meus pertences.
E eu me pertenço tanto...
Tanto que, quando vou,
Vou plena. Vou por inteiro.
sexta-feira, 12 de abril de 2019
"Sinuosidades"
Água plácida,
correnteza,
queda d'água, não importa.
O poeta será sempre
pedra vírgula
a pontuar curva de rio;
Nos meandros,
a pedra poeta para
à espera de Fântaso,
(e ele, manso, se apossa)
e invade, e intensa, e alma
os mistérios que moram
depois da tortura de um rio.
domingo, 7 de abril de 2019
Quaresma e sugestibilidades
E no supermercado, a mãe com a calculadora na mão não ouve o papo de seus pequenos, os dois por volta de quatro e seis anos de pura experiência.
Seção de condimentos e especiarias. O cheiro do cominho, tomilho, pimenta calabresa, manjericão, colorau, gengibre, hortelã, salsa, orégano, tudo junto e misturado'. Açafrão, menino, canela, eu, cravo, noz-moscada, mãe, coentro, pimenta do reino e 'tutti quanti'. Eu me vi Cabral a caminho das Índias. E a gente lá, 'together and mixed', a descobrir brasis, a procurar temperos para nossas vidas.
_ Mamãe, o que é isso nesses saquinhos? Diz o maiorzinho, camisa do Chelsea.
A mãe na calculadora Samsung, só ouve preços.
_ Mamãe... ô, mãe...! Abaixando a voz, desiste.
O menorzinho, 'style Neymar,' camisa do mesmo mar do Norte (do Paris Saint-Germain), responde com a propriedade de um 'gourmet':
_ Eu sei. Isso é peixe.
_ Não é, isso é perfume.
O pequeno insiste:
_ Isso é peixe... não conhece o cheiro?
O maior não quis dar o braço a torcer, mas viu que o pequenininho tinha ali qualquer tanto de razão e arrematou logo a conversa:
_ É. É perfume de peixe, seu ignorante.
E eu em pensamento: louro não, camomila não, alecrim não... achei! achei a erva-doce. E o Brasil é assim achado. E o Brasil é assim, um achado. E o Brasil é assim ou assado.
E eu em pensamento: louro não, camomila não, alecrim não... achei! achei a erva-doce. E o Brasil é assim achado. E o Brasil é assim, um achado. E o Brasil é assim ou assado.
sexta-feira, 5 de abril de 2019
quinta-feira, 4 de abril de 2019
"Do que vem de lá"
Dos deveras,
dos deveres,
dos devoras,
dos 'déjà vu',
dos défices,
das demoras,
dos devires,
dos devires e
demais devires.
quarta-feira, 3 de abril de 2019
Em um jardim do mundo
bodoques
bordunas
"in stand by mode"
botões
batons
a postos
as folhas
do livro da vida
outonam
na roseira
a rosa vermelha
abril em paz
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