quarta-feira, 28 de outubro de 2015

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Enredado em suas rendas

 

                    Notava que ela já escrevia sem as amarras nas mãos. Aquelas mãos agora bailavam libertas. Os dedos podiam saltitar sobre as teclas como que debulhados de uma espiga. Aqui na cama, pensamentos e cognições de combinações binárias me chegavam. Acolá, naquela mesa, o computador esperava por pensamentos femininos fugidios.
                 A renda telha acetinada não lhe cobria o corpo, muito mais o acariciava, desenhando em suas costas brancas e magras, umas flores grandes e determinadas que entravam pelos meus olhos espinhando-os. As mãos, a mesa, a cama, o computador, os pensamentos, o sistema, a trama da renda, as flores e seus espinhos turbilhonavam, redemoinhavam em minha cabeça. Tudo era dela. Tudo era ela. Eu não era, eu não tinha nada.
 

 


 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015