segunda-feira, 31 de julho de 2017
Pálidos caminhos
Inda que
seus braços magros,
aborboletados,
esbraseantes
e pincelados de sol,
me ceguem o caminho;
mesmo que
o grito da tatuagem
nas suas costas duras
calem toda
minha primavera,
eu deixo seu colorido
e sem nenhum para onde
sigo corpo ereto,
preto e branco, mundo afora.
domingo, 30 de julho de 2017
Nudez da alma
Não mesmo.
Você não
me põe em xeque.
Mas ao seu lado
não me dono;
me impreciso tanto,
que me fecho em copas
e me abro em leque
quase ao mesmo tempo.
sábado, 29 de julho de 2017
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Licença para pousar
Ele sempre volta:
óculos escuros
a esconder olhos escusos;
Óculos escuros
a desviar olhos obtusos.
Vem de ombros flectidos,
coluna densa de desculpas.
Na mão,
um poemazinho sem brio;
na prosa, "old news".
Empurro goela abaixo.
Ouço.
Pra me dourar,
florzinhas na camisa,
caramelos derretidos no bolso.
Traz um novo canto
para nosso leito
e uma penúria além-mar...
E eu, se me convém, aceito.
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Releituras
Arde tua voz
congelada
pelos meus ouvidos.
Nada morre enquanto mel.
Minha mão pranto te acena.
Teu queixo retido
nas minhas retinas
retira-me do peito o eixo.
Olhos bêbados,
a tudo fito.
E fico peito bobo
quando te vejo.
Mas se me vem
da razão o lume
sobre teus queixumes,
são mil abelhas soltas.
Enxame é teu ciúme.
Insensatez, nosso liame.
segunda-feira, 17 de julho de 2017
domingo, 16 de julho de 2017
De olhos fechados
Lucy Campbell |
De onde venho?
Venho
do Morro Vermelho
da tua infância feliz.
Trago-te cravo e canela
para que te perfumes
e flores celestes
pra decorar teu devaneio;
Trago de estrelas amarelas,
vívidas e do meu universo,
um balaio quase cheio.
Trago um Shakespeare
amarelecido
para que tu te espelhes,
(um espelho mágico inglês)
para que no infinito
me vejas ao teu lado:
lugar onde sempre estive,
ainda que apunhalado.
sábado, 15 de julho de 2017
Doces e bárbaras
Lá vai a rua,
toda cheia de si,
toda cheia de lua.
Lá vem a lua,
toda cheia de si,
se alastrando na rua.
Lá vou eu: crua.
Cheia de lua,
de mim e da rua.
Saídas
E agora
que você foi embora
de nós dois,
eu também já vou indo.
Vou buscar
um outro sonho
que caiba no seu lugar.
sexta-feira, 14 de julho de 2017
Cores da alma
de uma ou outra
resolução,
do antigo
"preto no branco".
Mas o bom mesmo
é colorir
o pensamento
com as cores vivas
do futurismo
e viver,
nesse bambo pós-moderno,
o voo frágil das pipas.
terça-feira, 11 de julho de 2017
A valsa da mulher
Na bandeja
de prata,
"petit" ciúmes.
Estável,
ele dela
consome
instantes,
na estante
sala de estar.
Estanque
na dúvida
renitente,
uma obsessão
máscula.
Por trás
da gargantilha
esfuziante,
a garganta fosca,
átona,
desmusicalizada.
No feixe brilho
do espelho,
um homem lápide,
que vê de si,
lá, o dó.
E uma mulher ao lado.
Nos pés dessa mulher,
sapatos baixos de fuga.
segunda-feira, 10 de julho de 2017
Eu sibilante nos braços de Morfeu
Se queres ir embora,
diz-me serenamemente.
A ti peço leveza.
Cochicha.
Suaviza.
Assopra-me o corte
e sai devagarinho
na ponta dos pés.
Agora, muito mais
peço para não
me acordar a razão,
porque o meu coração,
já nessa hora,
dorme o sono dos justos.
domingo, 9 de julho de 2017
A voz rouca dos sonhos
Foi então
que ele me disse
assim:
"Não tenho
sonhos partidos,
porque
eles são educados
por mim.
Aos meus sonhos
ensino sequência:
tudo começa,
tem meio
e tem um fim.
Não tenho
sonhos soltos,
tampouco os aturo.
Aos meus sonhos
instruo prazo
de permanência:
há um passado,
o presente
e um futuro."
Eu, azoada,
sabe o que fiz?
Levantei-me e saí.
Achei enfadonho.
Afinal,
não sou mulher
para um homem
de amestrados sonhos.
Ainda mais eu
que tenho acolá
um pé de sonho revel
pra aguar.
sábado, 8 de julho de 2017
Roupagens
O dia veste amarelo
(meu ouro)
e eu visto seu dourado,
o "crush" do dia.
De dia, sou transparência.
A noite veste cinza
(meus restos)
e eu visto seu negrume,
o "dislike" da noite.
À noite, sou segredo.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
Na minha cabeça, é primavera
Verdade?
Faz zero grau
no teu peito?
Um frio interno
que ninguém vê?
"Je suis désolé"...
não fui eu
quem fez
nosso inverno.
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