Ideias
a redemoinhar,
conceitos rotos,
pensamentos
em rodopios,
certezas frouxas.
E ela ali,
diluída no vacúolo
de palavras áfonas.
Agora,
os pés como asas,
soltos nos ares,
suspensos, calados,
calosos
de tantas ágoras.
E ela
a desconstruir
internalizações
e a se revirar
no interno
de suas veias.
Ali, no meio
de um sopro louco,
naquele poço,
toda encanto:
silêncio de sereia.
Divinamente
ventada pela vida,
tão "other than that",
tão ventilada.
Há dias de
tecidos coloridos
em minha poesia.
Tramas ruidosas,
amarradinhas.
Hoje mudo.
Falo de pontos
e de nossas escuras linhas.
De nós soltos
nesse pano da vida.
Nós rotos, rompidos.
Nós, "so to speak", arrebentados.
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Josee Masse |
Há prosas
de jardim:
falas
que vão morar
no ouvido das rosas.
Há conversas
de varanda:
falas
que vão viver
para sempre
no coração das orquídeas.
Eu ouvi
de um passarinho
que
brotam rosas
do teu ninho.
Mas ouvi
das prosas
margaridas
que
minhas
'aparecidas'
ainda te espinham.
Mãos
em concha,
te trazia
estrelas frescas
colhidas
do meu céu;
em
meu colo
melífluo,
visco
pra te aderir.
Nestes
olhos aguados,
aquariado
vivestes Beta.
Da minha
boca Brasil,
dava a ti
a chama
quente cigana
de Vinícius;
verdades
augustas
dos Anjos;
versinhos
à la Quintana
e a ilha
intimista
de Cecília.
Da minha boca
provinciana,
eu, poesia rouca,
chegava a ti
por mim.
E ai de mim
que ia
pelo mundo assim
(em bom Português)
tão sem pastor
a me cantar
em liras.
Tão Marília sem Dirceu.
Fincou
os cílios postiços
no olhar cortiço
dele
e atrelou
seu colar
àquele pescoço.
Cravou
naquele peito
um salto fino.
Assim
fundiu-se
naqueles
olhos
inquilinos.
Colou
em uníssono
sua voz
sonolenta
à voz dele
e se enterrou
naquela alma
feito um
bichinho de pele.
Um bicho
miúdo
com
o domínio
de um miúra.