Abril, outono de 2020, tempo escuro, um breu. E a lua tentava, feito lua mesmo, aclarar as noites escuras dadas pelos dias. E a lua insistia em brilhar o céu dos antigos meninos da terra que brincavam de roda, de amarelinha, de pique-salva debaixo de sua luz. À porta da lua.
E a lua em sua roda fingia não ver a roda da doença, a roda da fortuna, a roda ciência, a roda política, a roda das clausuras, a roda mundo, a roda.
E a lua fazia de conta que não enxergava que o céu era só dela e do chão da amarelinha. De mais ninguém.
E a lua em sua clareza sabia que para muitos não existiria o lugar a salvo do pique-lata.