Em uma aldeia muito distante, em uma
casa bem grande, vivia uma mulher gigante. Ela não se sabia agigantada. Olhava-se
no espelho e além de sua beleza, não enxergava mais nada que a pudesse distinguir
de outras pessoas do mundo. Perto dali, havia um homem anão. Ele não tinha
conhecimento da existência de mulheres gigantes, também não se imaginava pequeno como realmente era.
Acontece que mulheres gigantes raramente olham para baixo, e homens anões
não veem além da linha do horizonte traçada por seus olhos. Tece daí a conclusão de que nunca se revelariam um ao outro.
Os textos judaicos trazem que somos sempre levados para o caminho que desejamos percorrer. Então, a mulher gigante caminhava
olhando para o futuro formado a partir dos seus olhos altos, e não via
ninguém. O anão passeava por perto e sentia-se sozinho em sua pequenez ignorada. Foi aí que ele, o anão, fez pra
si uma escada bem alta ligando a terra ao céu e subiu. Subiu, subiu. Deslumbrou-se. A cada
degrau subido, se imaginava aproximando mais do que queria, sem sequer dar-se conta do que
seria que queria. Ia às cegas. A mulher gigante não parava de andar. Sabia que ao avançar, se aproximava mais de seus objetivos. Às vezes, surpreendia-se com os percalços em sua andança , mas rumava. Olhou adiante e viu uma escada enorme. Identificou-se. Imaginou ser alguém igual a ela, de pernas compridas para dar passos largos, com quem pudesse dividir caminho. Mas iludira-se. Era um homem pequeno, no alto de uma escada feita de gente. Era o anão. Ele usava pessoas como degraus para se complementar. Ela chorou. Chorou um choro gigantesco e entendeu: não era ali que parava.
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