domingo, 27 de maio de 2018

A preguiça do sol


                  Abro o portão, quero notícias de vidas. Abro a rua, dois carros parados. Um casalzinho com filho de colo atravessa uma esquina, esquina parada no tempo à espera desse pequeno de colo passar com o neto. Ou não. Talvez esperando os que já se foram de vez. 
          E pontas de bananeiras no quintal do vizinho me varrem para um canto, o canto drummondiano: “Cidadezinha qualquer”. Mas longe das Minas e mais perto das sementes, esta não é uma cidadezinha qualquer, nunca será. É um campo alegre. Verde. Imaturo, ainda. E o sol só está com preguiça de esquentar meus braços. Aí, para me injetar vida, vem um carro devagar e me conta de um antigo mourão da porteira: “... uma saudade é dor que não consola, quanto mais dói a gente quer lembrar...” 





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