quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Me beija-flor





O beija-flor vive de floreios em sua realidade
Eu vivo de poetar em floradas racionais o que sinto

Tu vives de acordar a conveniência de teu sonho em botão
Deliramos em conjunto
Alucinamos coletivo - o beija-flor, tu e eu

Numa vida enfadonha e fantasiosa
estouramos bolhas de sabão coloridas em nossa fronha

Teço teias vívidas com fios de tuas veias
Enredo-me no azul do teu sangue lento meu domínio

Na papoula, o beija-flor zonzo sonolento

No emaranhado de nossa presença
No fim de meu túnel à luz da tua verdade

O pesadelo da pertença   

Possuo-te, mas não sou tua

És meu, e não me pertences...

Dia virá quando o beija-flor, tu e eu, exaustos
Sem o torpor que a papoula deu

Sem a tendência do acorrentado Prometeu
Viveremos de vida, numa grande bolha colorida

Sem hora dividida, sem tempo definido, sem sombra de ida
Com flores, méis, beijos, anéis e um beija-flor sóbrio

Longe dos véus, longe e num céu que nos ronda e quer





2 comentários:

  1. Que lindo enamorando, esses pássaros tão efêmeros que chegam, pousam, extraem o néctar e sai deixando o encanto do momento vivido...

    Ótima sexta para você, Lécia!

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    1. Will, meu visitante das sexta-feiras, obrigada. Temos sempre um ou outro poema, ou uns e outros poemas guardados no cantinho do peito, esse é dos meus prediletos. Bjus.

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